O
Estado é a História considerada imóvel; a História é o Estado
considerado fluente. O Estado real é a fisionomia de uma unidade da
existência histórica. Somente o Estado abstrato dos teóricos é um
sistema.
Guerra |
Para
cada povo – e para cada família – existe um círculo de membros,
que se acham ligados em unidade de vida pela constituição igual de
ser externo e interno. Essa forma, dentro da qual flui a existência,
chama-se costume, quando se originar espontaneamente do ritmo
do curso vital, para depois tornar-se consciente; denominamo-la
direito, cada vez que for
instituída propositadamente e se impuser o seu reconhecimento. O
Direito é a forma voluntária
das exições que lhe são caras, porém as possui como particular. A
vida, ao contrário do indivíduo, carece de consciência.
Frederico Guilherme I - O Rei Soldado |
Mais
importante e mais difícil do que as tarefas imediatas da ação e do
mandato é a missão de estabelecer uma tradição.
O grande estadista é uma figura rara. Se ele aparece ou não, se
consegue ou não impor-se, se isso ocorre cedo ou tarde, depende do
acaso. Criar uma tradição significa eliminar o acaso. A grande
fraqueza de Bismarck reside na omissão de formar, ao lado do corpo
de oficiais de Moltke, uma raça de políticos de igual valor, e que
se identificasse com o Estado e as novas incumbências do mesmo. Um
povo “soberano” nasce somente de uma minoria perfeitamente
criada, completa em si mesma; minoria que atraia à sua esfera todos
os talentos, a fim de empregá-los, e que, precisamente por isso,
harmoniza com o resto da nação governada por ela. O alcance dos
êxitos obtidos por épocas posteriores corresponderá exatamente à
força da tradição que pulsar no sangue do povo.
Política |
A política é, por último, a arte
de manter a própria nação “em forma”, para que ela possa
enfrentar os acontecimentos exteriores. A política interna existe,
exclusivamente, em função da política externa e não vice-versa. O
mestre político evidencia-se mais claramente na habilidade de
harmonizar a forma pública do conjunto - “os direitos e as
liberdades” - com o gosto da época, sem diminuir a capacidade da
massa; consegue-o pela educação de sentimentos, tais como
confiança, respeito à chefia, consciência da força, contentamento
e, se necessário for, entusiasmo. Mas tudo isso recebe o seu valor
somente em consideração do fato fundamental de que nenhum povo está
sozinho no mundo, e de que o seu futuro será decidido pelo confronto
de seu poderio com o de outros povos e potências, e nunca pela mera
ordem interna.
[Trecho retirado de A Decadência do Ocidente, de Oswald Spengler, p. 381 a 383; Editora Forense Universitária, 4ª edição, tradução de Herbert Caro]
[Trecho retirado de A Decadência do Ocidente, de Oswald Spengler, p. 381 a 383; Editora Forense Universitária, 4ª edição, tradução de Herbert Caro]
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